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Amorosamente

Meros pensamentos dramatizados em verso e em prosa

Amorosamente

Meros pensamentos dramatizados em verso e em prosa

Dom | 03.09.17

De quem [ainda] não sabe amar.

H. Alegria

Não conheço o amor. Penso que já me bateu à porta… Aliás, fui eu quem bati à sua porta. Mas ele não estava. Acho que desesperei de tanto esperar. Mantive-me naquela entrada por várias primaveras, verões, outonos e invernos, sem nunca nada alcançar. Queria entregar-lhe o meu coração, para que ele o enchesse de rosas, que me fariam amar e permitiriam que me amassem de volta. Queria suportar cada espinho, cada dia mais murcho por falta de água ou de sol, mas queria ver estas rosas permanecerem com todo o sentimento terno que eu lhes queria oferecer. Queria que partisse de todo o meu esforço. Bati à sua porta todos os dias, por longas estações, como já disse, mas acho que por lá deixei toda a desejada dedicação que tinha para dar às rosas que ele me colocaria ao peito. Talvez ele soubesse essa minha fraqueza, talvez tenha sido por isso que ele nunca abriu a porta. Por isso, hoje, pelo menos, digo que não o conheço. Sei onde ele mora, mas não tive a oportunidade de o alcançar. Já acarinhei diversas pessoas no meu coração. Já fiz promessas e juras de toda uma paixão. Eu acreditava que conhecia a beleza de sentir, hoje olho para trás sem saber para onde ir. Por vezes parece que sei muito, mas são tudo ideias soltas na minha mente, de um livro que jamais poderei ler. Um livro que nunca li, mas sempre procurei. Sento-me rodeada de citações, à espera de o encontrar. Ainda há muito em mim que tenho de alcançar, rodear-me de citações não é suficiente. Afinal o universo só nos dá algo quando o merecemos, quando estamos prontos, preparados. E eu, no meu mundo ilusório permaneço, à espera de um dia conhecer a pureza de tamanho sentimento. Sentimento que vem com grandes bagagens emotivas, vantagens e desvantagens escolhidas. Não escolhemos a quem o entregamos, junto com o nosso coração, mas definitivamente escolhemos se fazemos todos os sacrifícios incluídos ou não. É uma viagem só de ida, quando conhecemos não podemos voltar atrás. Inundados com a sua pureza, jamais queremos voltar à inocência. Inocência de não conhecer tamanha emoção que nunca fará sentido à própria razão. Espero que um dia cresça, que deixe esta tamanha inocência, que comande a minha razão a dar espaço ao que pertence ao coração.