Seg | 18.01.21
Às vezes não há nada a dizer
H. Alegria
Às vezes não há nada a dizer
Os dias ecoam pelo peito
O vento suspira ao nosso leito
E o vazio faz-se escrever
As emoções, no entanto
Transbordam
A crueldade
A desconfiança
A insegurança
E a esperança
Quantas vezes, tantas vezes
Arrancaram o coração de ti
E de ti apenas houve
Uma linha e uma agulha
Remendando ponto a ponto
Docemente a amargura
Porque somos assim
Porque o coração salta cá para fora
E desfeito ainda diz
Eu lá no fundo até gosto de ti
E assim andamos
Ditados pelo silêncio
Da linha e agulha
Que remenda os momentos
Em que as palpitações
Bordam a tortura